Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

segunda-feira, 14 de maio de 2012

EMPREGUISMO - Comum desde a época do Descobrimento


Pero Vaz de Caminha teria inaugurado a prática, pedindo a D. Manuel por seu genro


RIO - Reservar uma vaga na administração pública, seja para a mulher, para o filho ou para o cunhado, é uma prática que se estende ao longo dos séculos no país. Os primeiros registros de pedidos de empregos remontam à época do Descobrimento do Brasil e se intensificaram com a chegada da corte portuguesa, em 1808. Para especialistas, o costume ficou tão enraizado na cultura brasileira que a publicação de uma súmula ou a sanção de uma lei não são suficientes para acabar com o empreguismo de parentes. As poucas tentativas para terminar com o nepotismo acabaram não tendo sucesso por completo.

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— É preciso uma mudança cultural, de consciência. O ambiente informal, que reúne crenças e hábitos, acaba interferindo e é mais forte que a própria lei, que não pega. As várias interpretações da lei também interferem em seu cumprimento — afirma o economista Herton Castiglioni Lopes, da UFFS, pesquisador do tema do nepotismo e que publica trabalhos sobre o assunto desde 2009.

Lopes aponta como um dos primeiros atos de favorecimento no país um pedido feito à família real portuguesa por Pero Vaz de Caminha, escrivão que registrou o descobrimento das terras brasileiras. Ele solicitava que o rei D. Manuel intercedesse por seu genro. A partir daí, o empreguismo de parentes passou a se espalhar pela então colônia, beneficiando, além de parentes, os amigos da corte.

— Historiadores apontam como início do nepotismo no Brasil um pedido feito por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal para que buscassem seu genro. A prática cresceu com a chegada de D. João VI. Com o nepotismo cria-se um clã, formado por um grupo de pessoas que tem como meta atender a um projeto pessoal de um governante, que trabalha em benefício próprio — explica.

Para o economista, o ato de nomear um parente não representa o maior perigo, mas, sim, como o familiar vai desempenhar sua função. Lopes não critica o empreguismo de parentes na administração pública, desde que o escolhido tenha formação técnica e não trabalhe em benefício de quem o contratou. De acordo com Lopes, a nomeação de parentes é uma prática tão forte no país que chega até a interferir no mercado, reduzindo vagas no setor público para profissionais com formação.

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