Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quarta-feira, 27 de junho de 2012

CPI DO CACHOEIRA - Radialista monta mini-dossiês contra tucanos na CPI


Luiz Carlos Bordoni reuniu informações sobre processos judiciais e evolução patrimonial de pelo menos seis parlamentares

Laryssa Borges
VEJA

O radialistas Luiz Carlos Bordoni: mini-dossiês contra parlamentares da CPI (Wilson Dias/ABr)

Durante as cerca de nove horas de depoimento do radialista Luiz Carlos Bordoni à CPI do Cachoeira, ele trocou bilhetes com seu advogado, Alex Neder. Os papéis, timbrados com a logomarca de um hotel de Brasília, poderiam ser orientações gerais da defesa daquele que confessou ter recebido dinheiro de caixa dois da campanha do tucano Marconi Perillo ao governo de Goiás. Mas as pequenas tiras de papel, obtidas pelo site de VEJA, acabaram por revelar que Bordoni elaborou mini-dossiês contra parlamentares da comissão de inquérito.

Ele não utilizou nenhuma das informações anotadas contra deputados ou senadores ao longo do depoimento de hoje, mas reuniu dados contra os deputados Fernando Francischini (PSDB-PR), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e contra o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). O performático deputado Silvio Costa (PTB-PE) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), amigo do empresário Fernando Cavendish, ex-controlador da empreiteira Delta, também foram alvo da coleta de informações do radialista. 

O maior dos mini-dossiês foi elaborado com dados do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). “A justiça confirmou a cassação do mandato do governador por abuso de poder econômico e político, captação ilícita de sufrágio e conduta vedada a agente público”, diz trecho das anotações desabonadoras de Luiz Carlos Bordoni. Cássio Cunha Lima teve seu mandato como governador da Paraíba cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2008 por supostas irregularidades na distribuição de 35 mil cheques a famílias carentes durante a campanha eleitoral de 2006. O senador paraibano não estava presente na sessão da CPI desta quarta. Ele justificou sua ausência para acompanhar o pai, o ex-deputado Ronaldo Cunha Lima, que está doente.

A lista de informações colhidas por Bordoni para serem usadas na CPI incluem, em geral, quantos e quais mandatos eletivos cada parlamentar teve, os bens declarados à Justiça eleitoral nas últimas eleições, eventuais evoluções patrimoniais suspeitas, a quantidade de processos a que responde judicialmente e juízos de valor, como o custo de manutenção dos gabinetes dos deputados e senadores em Brasília.

“Seu gabinete é caro”, redigiu em relação a Fernando Francischini. Ao lado, a cifra de 391 741,21 reais. “Gabinete caríssimo”, afirmou sobre Sílvio Costa.

Ataque a Perillo - Ex-militante do PSDB, Luiz Carlos Bordoni atacou duramente o governador Marconi Perillo no depoimento desta quarta-feira à CPI. O radialista diz que o político tucano mentiu sobre suas relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. “Dizer desconhecer a existência de relações próximas entre Cachoeira e sua chefe de gabinete, Eliane Pinheiro, é negar ter vencido a eleição”, disse ele na oitiva. O suposto “desvio de foco”, criticado durante o depoimento pelo deputado Carlos Sampaio, foi o primeiro dos seguidos bate-bocas.

“As pessoas orientadas por celular para me atacar que o façam à vontade”, provocou Bordoni para a ira de Sampaio e do deputado Rubens Bueno (PPS-PR).

“Quero saber a quem ele está acusando de estar sendo orientado pelo celular. Isso é molecagem”, protestou o deputado paranaense durante o depoimento.

“A verdade dói”, rebateu o depoente.

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