Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sexta-feira, 27 de julho de 2012

DROGAS NO RIO - Presos montam disque-droga no Complexo de Bangu, no Rio


Escutas telefônicas revelaram que os detentos conseguem negociar encomendas de drogas de dentro do presídio.

A reportagem é de Tyndaro Menezes e Bette Lucchese.
Jornal Nacional



Nesses tempos em que as notícias sobre clientes insatisfeitos têm aparecido com muita frequência, o Jornal Nacional vai mostrar um serviço de entregas que nunca recebeu queixas dos clientes. Só que não é um exemplo bom. É uma denúncia, porque a entrega é de drogas. E o serviço funciona dentro de uma penitenciária do Complexo de Bangu, no Rio de Janeiro.

Muita gente telefona para uma rádio: “Boa tarde, eu gostaria de pedir uma música do Zeca Pagodinho, aquela em que ele canta “eu bato o meu tambor, é para Ogum de São Jorge”.

Essa ligação poderia ser considerada bem comum. Poderia, se não tivesse sido feita por um preso que está em dos presídios do Complexo de Bangu. “Eu gostaria de pedir uma música para o pessoal que está privado de liberdade no Plácido de Sá Carvalho, na D7”, diz um preso.

Mas presos não usam o celular na cadeia apenas por diversão. Eles se sentem tão a vontade que criaram até um disque-drogas para consumo próprio.

Em uma das conversas, gravadas com autorização da Justiça, dois presos, em alas diferentes, negociam cocaína. “Manda pó mesmo. Três ou quatro gramas. Pode mandar despreocupado que o dinheiro vem amanhã”, afirma um preso.

“Quem efetuava a compra das drogas era a família dos presidiários e elas se encarregavam de entrar com essa droga dentro da cadeia. Era uma coisa constante e a droga era embalada dentro da cadeia”, diz o delegado Marcio Mendonça.

Em uma outra gravação, o preso acompanha como anda a conta bancária. E depois consulta até o andamento de um processo na Justiça. Em apenas 15 dias de monitoramento, ele fez, da cadeia, 5 mil ligações.

No início da semana, os policiais fizeram uma devassa em três celas do Instituto Penal Plácido Sá Carvalho. Cerca de 300 presos foram obrigados a ficar na área do banho de sol.

“Os telefones começaram a tocar dentro dos colchões. Eles faziam buracos dentro da parede e com uso de pasta de dente e de tinta eles pintavam o local”, explica o delegado Marcio Mendonça.

Os agentes encontraram nos buracos e nos colchões 17 celulares, 35 chips, 22 carregadores, drogas prontas para a venda e R$ 3 mil. Foram presos a mulher e o cunhado de um dos presidiários e um outro cúmplice.

Os 11 detentos suspeitos de fazerem parte do esquema acabaram transferidos para o presídio e segurança máxima Bangu I, onde estão em celas individuais. Mas a chefia de polícia civil quer mais. Tenta levá-los para uma penitenciária federal, também de segurança máxima, fora do estado.

O Jornal Nacional pediu entrevista ao secretário de Administração Penitenciária. César Rubens Monteiro de carvalho preferiu divulgar uma nota, listando os equipamentos usados para impedir a entrada de celulares e drogas nos presídios do Rio: são detectores de metais, raio-x de bagagem e um scanner corporal. Mas o secretário ressalvou que a utilidade desses equipamentos depende da boa conduta dos agentes penitenciários que os operam.

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